Caros amigos da Escola Estadual Dr. Celso Machado,
Leiam os textos e façam as atividades com atenção.
Paz e Bem!
TEXTO 1
Você já deve ter
notado que Getúlio Vargas até hoje é um nome conhecido por muitos brasileiros.
Os mais velhos ainda se recordam de alguma coisa do tempo dele. Uns falam bem,
outros criticam. Por que opiniões diferentes? Bem, a história é cheia de
contradições mesmo. Dificilmente as pessoas concordam com tudo.
A maneira de Getúlio governar
foi típica da América Latina nas décadas de 30 a 50. Chamava-se de populismo. Na argentina, por exemplo, o
equivalente populista a Getúlio foi o presidente Perón.
O populismo varguista também é
chamado de trabalhismo. Portanto,
atenção amigo leitor: trabalhismo tem a ver com a maneira específica de Getúlio
lidar com a questão dos trabalhadores.
Quando Vargas assumiu o governo,
no meio da crise de 1929, ele tinha um problema grave para resolver: com o
desenvolvimento da indústria, aumentaria o número de trabalhadores
assalariados. Como fazer para que os operários não dessem ouvidos aos
comunistas e aos anarquistas? Como evitar que fizessem greves ou, pior, que
sonhassem com uma revolução socialista igual à da Rússia? Como fazer para que o
proletariado fosse obediente, disciplinado, produtivo?
Getúlio resolveu o problema de
duas maneiras. A primeira já era tradicional desde a República Velha:
reprimindo. Assim, as greves foram proibidas, os comunistas e os anarquistas
postos na penitenciária, os sindicatos obrigados a se subordinar ao Ministério
do Trabalho.
A segunda maneira era mais sutil
e típica do populismo. Getúlio gostava de dizer que na vida e na política nós
temos que ceder os anéis para não perder os dedos. Assim, Vargas propôs um pacto populista aos trabalhadores: “Em
vez de lutar por seus direitos, vocês trabalham obedientes. Confiem em mim. Em
troca, eu vou doar direitos trabalhistas para vocês”. Sacou a jogada? O pacto
populista era uma troca: os operários se comprometiam a trabalhar duro e não
fazer greves nem protestar porque confiavam que o governo faria, sempre que
possível, algumas leis de proteção social. (SHIMITH, Mário. Nova História
Crítica)
TEXTO 2
UMA AVALIAÇÃO DA ERA VARGAS
[Durante o Estado Novo] a
perseguição implacável do regime de Vargas a seus opositores (reais e
imaginários), cujos métodos envolviam fartamente o emprego da tortura,
violência, deportação e assassinato, foi apenas uma das facetas, talvez a mais
conhecida, desse período. As marcas deixadas ao longo do período ditatorial de
Vargas ainda não cicatrizaram. Várias de suas políticas econômicas equivocadas
continuam sendo defendidas por membros da elite brasileira, que ainda não
conseguiram perceber a relação que existe entre opressão econômica e violência
política. (PRUNES, Cândido Mendes. Uma avaliação da Era Vargas)
TEXTO 3
Tio Sam chega ao Brasil
Tio Sam
é a personificação nacional dos Estados Unidos da América e um dos símbolos
nacionais mais famosos do mundo. O nome Tio Sam foi usado primeiramente durante
a Guerra anglo-americana em 1812, mas só foi desenhado em 1852. Ele é
geralmente representado como um senhor de fisionomia séria com cabelos brancos
e barbicha. O Tio Sam é representado vestido com as cores e elementos da
bandeira norte-americana - por exemplo, uma cartola com listras vermelhas e
brancas e estrelas brancas num fundo azul, e calças vermelhas e azuis
listradas.
A difusão de certos aspectos da cultura
norte-americana é um fato inescapável de nosso tempo. Vivemos no Brasil
cercados de videocassestes e vídeo games, comemos hot dogs, hambúrgueres
e chips, tomamos soda e Coca-Cola, vestimos T-shirts e blue-jeans.
Os filhos de famílias mais aquinhoadas possuem skates, pranchas de surf
e apreciam o motocross. Ouvimos rocks e souls produzidos
por bands intituladas Kiss, Village People e assemelhados. Fenômenos
sociais ligados à juventude atravessaram fronteiras e aqui se estabeleceram com
os nomes de origem, desde os beatniks, passando pelos hippies e
chegando aos punks. Temos até a novidade patológica do momento: a Aids.
Na década de 50, as crianças brasileiras já brincavam
de bandido e mocinho, reproduzindo o famoso camôni, boy! consagrado nas
telas do cinema. Àquela época, já dizíamos okay, morávamos num big país,
líamos gibis e íamos ao cinema aos sábados ver filmes de far-west.
Batman, capitão Marvel, Jesse James e o mito John Wayne povoavam a fantasia
infantil brasileira naqueles anos.
Para sermos mais exatos, a chegada visível de Tio Sam
ao Brasil aconteceu mesmo no início dos anos 40, em condições e com propósitos
muito bem definidos.
Proclamava-se a ideia de uma política de boa
vizinhança entre os Estados Unidos e os demais países americanos. Essa boa
vizinhança significaria um convívio harmônico e respeitoso entre todos os
países do continente. Significaria também uma política de troca generalizada de
mercadorias, valores e bens culturais entre os Estados Unidos e o restante da
América.
Foi nesse contexto que os brasileiros aprenderam a
substituir os sucos de frutas tropicais por uma bebida de gosto estranho e
artificial chamada Coca-Cola. Começaram também a trocar os sorvetes
feitos em pequenas sorveterias pelo sorvete industrializado chamado Kibon.
Aprenderam a mascar uma goma elástica chamada chiclet e começaram a usar
palavras novas que foram se incorporando à sua língua falada e escrita.
Passaram a ouvir o foxtrot, o jazz, o boggie-woo-gie,
entre outros ritmos, a voar nas asas da Pan Am (Pan American), deixando para
trás os "aeroplanos" da Lati e da Condor, e começaram a ver muito
mais filmes produzidos em Hollywood.
A boa vizinhança apresentava-se como uma avenida
larga, de mão dupla, isto é, um intercâmbio de valores culturais entre as
duas sociedades. Na prática, a fantástica diferença de recursos de difusão
cultural dos dois países produziu uma influência de direção praticamente única,
de lá para cá. Nossos compositores populares perceberam e expressaram
criticamente em suas músicas o fenômeno. Nos versos de Assis Valente, por
exemplo:
O
Tio Sam está querendo/conhecer a nossa batucada./Anda dizendo que o molho da
baiana /melhorou o seu prato...
Eu
quero ver, eu quero ver/eu quero ver o Tio Sam tocar/pandeiro para o mundo
sambar...
A partir de 1941, o Brasil foi literalmente invadido
por missões de boa vontade americanas, compostas de professores universitários,
jornalistas, publicitários, artistas, militares, cientistas, diplomatas,
empresários, etc. - todos empenhados em estreitar os laços de cooperação com
brasileiros -, além das múltiplas iniciativas oficiais.
Devem-se reconhecer os aspectos positivos dessa
difusão cultural norte-americana, porque ela contribuía de algum modo para o
intercâmbio de ideias e aquisições reais de saber técnico e científico. De
outro lado, porém, é preciso reconhecer o preconceito que orientava boa parte
desse intercâmbio, como também o fato de que ele constituía um elemento-chave
de uma construção imperialista durante a guerra e o pós-guerra. Adaptado de:
MOURA, Gerson. Tio Sam chega ao Brasil - a penetração cultural
norte-americana. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 7-12.
TEXTO 4
Canção do Subdesenvolvido
(Carlos Lyra)
1ª ESTROFE: O
Brasil é uma terra de amores/Alcatifada de flores/Onde a brisa fala amores/Em
lindas tardes de abril/Correi pras bandas do sul /Debaixo de um céu de anil/Encontrareis
um gigante deitado/Santa Cruz, hoje o Brasil.
2ª ESTROFE: Mas um dia o gigante despertou/Deixou de ser gigante adormecido/E dele um anão se levantou/Era um país subdesenvolvido/Subdesenvolvido, subdesenvolvido, etc. (refrão)
2ª ESTROFE: Mas um dia o gigante despertou/Deixou de ser gigante adormecido/E dele um anão se levantou/Era um país subdesenvolvido/Subdesenvolvido, subdesenvolvido, etc. (refrão)
3ª ESTROFE: E
passado o período colonial/O país se transformou num bom quintal/E depois de
dadas as contas a Portugal/Instaurou-se o latifúndio nacional, ai!/Subdesenvolvido,
subdesenvolvido (refrão)
4ª ESTROFE: Então
o bravo povo brasileiro/Em perigos e guerras esforçado/Mais que prometia a
força humana/Plantou couve, colheu banana./Bravo esforço do povo brasileiro/Que
importou capital lá do estrangeiro/Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc.
(refrão)
5ª ESTROFE: As
nações do mundo para cá mandaram/Os seus capitais desinteressados/As nações,
coitadas, queriam ajudar/E aquela ilha velha ajudou também/País de pouca terra,
só nos fez um bem/Um grande bem, um 'big' bem, bom, bem, bom/Nos deu luz, ah!
Tirou ouro, oh!/Nos deu trem, ahhh! Mas levou o nosso tesouro/ooooh!
Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc. (refrão)
6ª ESTROFE: Houve um tempo em que se acabaram/Os tempos duros e sofridos/Pois um dia aqui chegaram os capitais dos../Estados Unidos/País amigo desenvolvido/País amigo, país amigo/Amigo do subdesenvolvido/País amigo, país amigo/E nossos amigos americanos/Com muita fé, com muita fé/Nos deram dinheiro e nós plantamos/Nada mais que café.
7ª ESTROFE: E uma terra em que plantando tudo dá/Mas eles resolveram que a gente ia plantar/Nada mais que café/Bento que bento é o frade - frade!/Na boca do forno - forno!/Tirai um bolo - bolo!/Fareis tudo que seu mestre mandar?/Faremos todos, faremos todos...
6ª ESTROFE: Houve um tempo em que se acabaram/Os tempos duros e sofridos/Pois um dia aqui chegaram os capitais dos../Estados Unidos/País amigo desenvolvido/País amigo, país amigo/Amigo do subdesenvolvido/País amigo, país amigo/E nossos amigos americanos/Com muita fé, com muita fé/Nos deram dinheiro e nós plantamos/Nada mais que café.
7ª ESTROFE: E uma terra em que plantando tudo dá/Mas eles resolveram que a gente ia plantar/Nada mais que café/Bento que bento é o frade - frade!/Na boca do forno - forno!/Tirai um bolo - bolo!/Fareis tudo que seu mestre mandar?/Faremos todos, faremos todos...
8ª ESTROFE: E
começaram a nos vender e a nos comprar/Comprar borracha - vender pneu/Comprar
madeira - vender navio/Pra nossa vela - vender pavio/Só mandaram o que sobrou
de lá/Matéria plástica,/Que entusiástica/Que coisa elástica,/Que coisa drástica/Rock-balada,
filme de mocinho/Ar refrigerado e chiclet de bola/E coca-cola! Oh.../Subdesenvolvido,
subdesenvolvido... etc. (refrão)
9ª ESTROFE: O
povo brasileiro tem personalidade/Não se impressiona com facilidade/Embora
pense como desenvolvido/Embora dance como desenvolvido/Embora cante como
desenvolvido/Lá, lá, la, la, la, la/Êh, êh, meu boi/Êh, roçado bão /O ‘meior’
do meu sertão/Comeram o boi.../Subdesenvolvido, subdesenvolvido, etc. (refrão)
10ª ESTROFE:
Tem personalidade!/Não se impressiona com facilidade/Embora pense, dance e
cante como desenvolvido/O povo brasileiro/Não come como desenvolvido/Não bebe
como desenvolvido/Vive menos, sofre mais/Isso é muito importante/Muito mais do
que importante/Pois difere os brasileiros dos demais/Pela... personalidade,
personalidade/Personalidade sem igual/Porém... subdesenvolvida, subdesenvolvida/E
essa é que é a vida nacional!
TEXTO 5
Entreguismo, tambem chamado, no Brasil, de cosmopolitismo,
em sentido estrito, é o preceito, mentalidade ou prática político-ideológica de
entregar recursos naturais de uma nação para exploração por entidades, empresas
etc. de outro país e de capital internacional. (...)
Modernamente o entreguismo
consiste na desnacionalização sistemática da indústria, especialmente de
setores considerados por determinados segmentos ideológicos e políticos como
setores-chave da indústria de produção, mediante a transferência de seu
controle para capitais estrangeiros. (...)
O termo entreguismo tem suas
origens relacionadas às disputas políticas pelo petróleo no Brasil, na década
de 1950.
Nacionalismo econômico é um termo usado para
descrever as políticas econômicas guiadas pela idéia de proteger o consumo
interno, o trabalho e a formação de capital, no interior de uma economia ou o mercado nacional em busca da
eliminação da dependência (...).
Opõe-se à globalização
em muitos pontos, ou pelo menos as relativas aos benefícios do livre comércio sem restrições.
Nacionalismo econômico muitas vezes inclui doutrinas como o protecionismo e a substituição
de importações. (...)
Dá-se o nome de desenvolvimentismo a
qualquer tipo de política
econômica baseada na meta de crescimento da produção industrial e da
infra-estrutura, com participação ativa do estado, como base da economia e o
conseqüente aumento do consumo.
O desenvolvimentismo é uma política de resultados, e foi aplicado
essencialmente em sistemas econômicos capitalistas, como no Brasil (governo JK)
e no governo
militar, quando ocorreu o "milagre
econômico brasileiro", bem como na Espanha (franquismo).
Questões sobre os textos:
TEXTO 1
1) Quais
as estratégias utilizadas por Getúlio Vargas para conter as greves?
2) Explique
o que foi o “pacto populista”.
3) Por
que o populismo de Vargas é conhecido como trabalhismo?
4) Quais
os limites que o populismo impõe à real democracia?
De acordo com a imagem responda:
5) Como
deveriam ser as crianças brasileiras dessa época?
6) As
crianças da ilustração representam a diversidade étnica do Brasil? O que isso significa?
7) Por
que as ditaduras, em geral, investem na construção da imagem do grande líder,
fazendo da autoridade máxima do governo um mito?
8) Em
sua opinião, que papel devem ter os meios de comunicação de massa na formação
política da sociedade?
TEXTO 2
1) Qual
a posição do autor do texto em relação ao Estado Novo?
TEXTO 4
1) Leia
minuciosamente a 1ª e a 2ª estrofes. O que você entendeu sobre o que leu?
2) De
acordo com a 3ª estrofe responda:
a) Para
você o que significa “bom quintal”?
b) Nos
dias de hoje, há situações que comprovam que nós temos um bom quintal?
Justifique a sua resposta.
3) “País
amigo desenvolvido/ país amigo, país amigo/ amigo do subdesenvolvido”. Quando
lemos estes versos que sentimentos passam por nós? Justifique sua resposta.
4) “Bento
que bento é o frade (...)” Essa é uma antiga brincadeira infantil. Para você,
qual a intenção dos compositores em colocar esta estrofe como parte da letra
desta música?
5) “E
começaram a nos vender e a nos comprar (...) você acha que nos dias de hoje
isso ainda ocorre? Justifique sua resposta.